Caros amigos leitores, neste mês de março iniciamos nossa
caminhada quaresmal. A quaresma é um período durante o qual queremos nos
preparar para a celebração principal da nossa fé que é a Páscoa do Senhor: paixão
(sofrimento), morte e ressurreição de Jesus. Nesse período, a Igreja nos pede
para viver com mais intensidade três práticas de fé: o Jejum, a Caridade e a
Oração.
Por isso, gostaria de, neste artigo, refletir com vocês
sobre a prática do Jejum, pois muitas pessoas têm dúvidas a esse respeito: como
fazer, quando fazer, quem precisa fazer, é pecado não fazer... Entre outras
questões que surgem.
Bem, em primeiro lugar devemos entender qual o objetivo da
prática do jejum. Certamente o objetivo principal não é passar fome ou
sofrimento. A privação voluntária do alimento é sempre um sacrifício; todo
sacrifício realizado representa a importância que algo tem para nossa vida, ou
seja, se estamos nos privando de determinado alimento para cuidar da saúde, é
porque entendemos a importância que a saúde tem para nós; se fazemos jejum em
preparação a uma celebração importante da fé, é porque entendemos a importância
de Deus e de seus ensinamentos para nossa vida.
Em segundo lugar, podemos dizer que o jejum necessariamente
não precisa ser feito de alimentos. O jejum pode ser feito pela privação de
outra coisa importante. É muito comum homens deixarem as bebidas alcoólicas na Quaresma.
Mas seria interessante que unido a isso, o dinheiro economizado com as bebidas
fosse destinado à caridade (ajudando alguma família carente), e o tempo
economizado fosse dedicado à oração (o tempo que não se vai ao bar para beber
poderia ser o tempo usado para rezar e ir à igreja ou para rezar em família).
Se isso não acontece, o jejum pelo jejum não tem sentido. Tem sentido unido à
caridade e à oração. Caridade que também significa ser mais atencioso com a
família, buscando perceber o que precisa ser mudado em nossas atitudes.
Esse é um exemplo. Mas você poderia ser criativo e inventar
sua forma de viver essa prática quaresmal.
Poderia privar-se de algumas horas passando mensagens no
celular. Seria um jejum de celular. O dinheiro economizado em créditos poderia
ser usado para a caridade e o tempo economizado poderia ser usado na oração.
Não significa que você vai deixar de usar durante a quaresma, mas significa que
você vai privar-se de um tempo usado com coisas fúteis, para pensar em coisas
mais profundas.
A forma como o jejum é feito não importa. Se para você o
jejum de alimentos é difícil ou impraticável por razão de idade, doença ou
trabalho, invente uma forma de viver essa prática. O importante é que você viva
a Quaresma e reserve um tempo maior para seu crescimento espiritual: pelo jejum
você pensa mais em como melhorar sua vida, pela caridade você pensa em como
melhorar sua relação com o próximo, e pela oração você pensa em como melhorar
sua relação com Deus.
Não deixe passar essa oportunidade de crescer na fé!
Pe. Gilberto A. Boçon sdP