quinta-feira, 27 de novembro de 2014

PARA LER BEM A BÍBLIA I




Certamente você algum dia já leu algum texto da Bíblia e não entendeu ou achou estranho, não é?

Não se preocupe. Isso acontece porque a Bíblia foi escrita em um contexto histórico e cultural totalmente diferente do nosso. Portanto, para compreender melhor alguns textos, precisamos entender a época em que foi escrito. Este é o caso dos seguintes textos.

Lucas 14,26: “Se alguém vem a mim e não se desapega de seu pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos, suas irmãs e até a sua própria vida, não pode ser meu discípulo...”

Lucas 12,51-53: Julgais que vim trazer paz à terra? Não, digo-vos, mas separação. Pois de ora em diante haverá numa mesma casa cinco pessoas divididas, três contra duas, e duas contra três; estarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora, e a nora contra a sogra”.

Como entender? Este evangelho foi escrito num período de transição do Judaísmo para o Cristianismo. Era a nova proposta de Cristo sendo anunciada dentro do judaísmo (“vinho novo em odres velhos”). Dentro deste contexto, quando um membro da família decidia se tornar cristão, geralmente acontecia um conflito familiar, porque a família judia não admitia alguém deixar sua religião e sua tradição para mudar para outra religião. Por isso muitas pessoas, para não desgostar os pais ou a família, decidiam não aceitar a Boa Nova de Cristo para não provocar um mal-estar familiar. É por isso que Jesus dirige aos discípulos este conselho: quem quer ser cristão deve se desapegar da opinião familiar e seguir a sua consciência, independentemente das criticas de membros da família que querem continuar judeus.

                Sempre que tiver alguma dúvida não deixe de consultar a nota de rodapé de sua bíblia. Ou envie uma pergunta para gilbertosdp@hotmail.com e ela será esclarecida na próxima edição do nosso jornal!      
   
                É isso!

Pe. Gilberto Antonio Boçon sdP.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

COMO INTERPRETAR CORRETAMENTE A BÍBLIA


           
            Caros amigos e amigas leitores, a Bíblia é um livro de referência para nós cristãos. Um livro que deve nos orientar em todas as nossas escolhas e opções. Mas é também um livro que, se mal interpretado, pode levar as pessoas a viver aquilo que ela não quer dizer.

            O que devemos fazer para bem interpretar a Bíblia? Em primeiro lugar devemos considerar que ela foi escrita em uma língua, cultura e tempo diferentes do qual nós vivemos. Portanto, existem na Bíblia palavras e expressões cujo sentido dado pelo autor são diferentes do sentido que costumamos dar. Por isso, para interpretar autenticamente a Bíblia deve-se procurar o sentido exato que o autor bíblico deu aos termos.

            Outra coisa importante a ser levada em conta é que o verdadeiro sentido da Escritura, a Verdade Salvífica, muitas vezes deve ser procurada no contexto, no conjunto total e não isoladamente em palavras ou expressões.

            Sabemos também que a Bíblia não é um livro único. Ela contém 73 livros que foram escritos por diferentes autores, em épocas diferentes e em gêneros literários diferentes. A Bíblia toda demorou cerca de mil anos para ser escrita; foi escrita em forma de leis, narrações, cartas, poesias, profecias, apocalipses, história, geografia... e conta mais ou menos 1800 anos de história.

            Tudo isso nos prova o conteúdo variado que encontramos nela. Portanto, o cuidado que devemos ter ao interpretá-la é o de entender o contexto histórico que está por trás do livro escrito, a cultura que envolve a narrativa, a época em que foi escrito, por quem e para quem foi escrito e qual o gênero literário presente na narrativa. Nunca confundamos os gêneros literários interpretando uma linguagem poética ou apocalíptica como se fosse uma história real.

            Uma dica importante. Sempre que tiver uma dúvida sobre um texto, procure um bom comentário que pode estar presente em uma nota de rodapé da sua própria bíblia.

            Mas mais do que tudo, não pense que se você acha difícil é melhor não lê-la. À medida que nos familiarizamos com ela, vamos interligando idéias e compreendendo melhor. Uma boa homilia de uma missa é também uma boa oportunidade para compreender melhor um texto.


           Pe. Gilberto Antonio Boçon sdP.

SOBRE AS MISSAS DE SÉTIMO DIA




              

              Toda vez que professamos a fé rezando o “Creio” durante a missa, dizemos que acreditamos na “comunhão dos santos”. Isso significa que aqueles que já partiram e estão junto de Deus podem “rogar a Deus por nós”, ou seja, podem apresentar a Deus algum pedido em favor de alguém que ainda está aqui na terra; significa também que aquele que ainda está sobre a terra pode rezar por quem já partiu.

              Nós cristãos temos o costume muito bonito de rezar pelos falecidos, sobretudo apresentando intenções de missas. E uma das formas de oração pelos falecidos mais tradicionais é a missa de sétimo dia.

                Muitas pessoas já me perguntaram por que existe este costume de se celebrar uma missa sete dias depois do falecimento de alguém. Inclusive já vi muitas pessoas ficarem preocupadas quando se completam sete dias de falecimento de um ente querido e não há possibilidade de se celebrar uma missa porque neste dia não há missa na paroquia.

                Como resolver isso? Sempre que me perguntam, respondo que o objetivo de se celebrar o sétimo dia não tem nada de especial em relação ao número sete, pois a missa de sétimo dia surgiu como uma possibilidade de se reunir a família para rezar pelo falecido. Nos tempos em que não existiam telefone e transportes rápidos, muitas pessoas ficavam sabendo do falecimento de alguém somente alguns dias depois do sepultamento. Celebrar uma missa sete dias depois facilitava a possibilidade de pessoas que não puderam vir ao velório por razão de distancia ou de falta de comunicação se reunissem para rezar.

                Portanto, se em algum momento celebrar exatamente no sétimo dia não for possível, não há necessidade de preocupação.

                Há casos em que o sétimo dia cai, por exemplo, em uma quinta-feira. Nesse caso muitas pessoas da família não podem participar por ser um dia de semana. Aconselho, nestes casos, a se celebrar no sábado ou no domingo posterior, mesmo que seja o sexto, oitavo ou nono dia, para que mais pessoas da família se reúnam para rezar juntas, se consolar umas às outras e estar do lado de quem mais está sofrendo.

                O dia exato não importa tanto. O que importa é rezar por quem partiu e reunir a família para sentir a presença de Deus em um momento particularmente doloroso da vida.



Pe. Gilberto Antonio Boçon sdP

PERDOAR E SER PERDOADO




            Caros leitores, toda vez que rezamos a oração do “Pai Nosso”, pedimos a Deus: “perdoai as nossas ofensas ASSIM como nós perdoamos a quem nos ofendeu”.  Em outras palavras, pedimos a Deus para não nos perdoar se nós não perdoamos. É uma palavra muito forte que proferimos em nossas orações cotidianas. Por isso percebemos a necessidade de perdoar e pedir perdão.
            Pedir perdão e perdoar não são para nós humilhações. Na verdade, são a maior proposta de liberdade que Deus nos oferece. Você já notou o que acontece quando você não perdoa? Você continua sofrendo apesar da ofensa já ter ficado no passado. É um sofrimento inútil e pesado, carregado atoa. Em outras palavras, você se torna escravo desse sentimento negativo que não te deixa em paz. Ao contrário, o perdão liberta e deixa um sentimento de paz; te torna superior ao mal e é sinal de maturidade.
            Outra coisa importante a ser levado em conta é que perdão não significa esquecimento. Não esquecer não significa não perdoar, pois ninguém tem a capacidade de deletar pensamentos passados. Eu perdoo quando sou capaz de rezar pelo outro. E rezar por quem ofendeu é pedir a Deus que a pessoa mude e nunca mais realize o mal; é pedir que a pessoa pague o que for justo e não mais do que o justo; é acabar com o mal pela raiz e sentir a paz de ser livre de qualquer sentimento negativo que oprime, faz sofrer e escraviza.

            
Pe. Gilberto Antonio Boçon sdP