quinta-feira, 26 de setembro de 2013

SOBRE AS IMAGENS DE MARIA


Publico aqui um artigo do Pe. Zezinho que, de uma maneira simples e direta, nos fala sobre o uso das imagens; desta forma ele nos indica como nos defender das falsas acusações de que nós, católicos, somos idólatras e adoradores de imagens.






SOBRE AS IMAGENS DE MARIA


Tenho três imagens de Maria no meu estúdio e no meu quarto; uma delas é Fátima, outra é Aparecida e outra que tem o titulo de N. Senhora das Graças.

Vou dizer aos católicos e evangélicos como eu as uso.

De cada dez vezes que as vejo umas quatro ou cinco eu me lembro de pedir a Maria, a quem elas retratam, que lá no céu, junto a seus filhos, ore por mim.

As imagens de Maria me ajudam a pensar nela. Por isso está estrategicamente nos três lugares onde mais fico.

Mas lá também há uma Bíblia e um crucifixo. Faço a mesma coisa quando os vejo.

Para mim aqueles livros, aquele crucifixo e aquelas imagens me ajudam a orar e não me atrapalham em nada porque não sou bobo, nem idólatra. Eu sei o que fazer com as facas na cozinha e sei o que fazer com as imagens. Se usasse mal das facas seria um assassino, se usasse mal das imagens seria idólatra.

Como Deus permitiu e até mandou fazer imagens e só proibiu o uso idolátrico delas, eu tranqüilamente uso imagens como sinais.

Sou um cristão esperto e estudioso. Se era permitido aos israelitas olhar uma serpente para ser sábio no deserto porque haveria de ser proibido olhar um crucifixo ou uma imagem de Maria?

Os israelitas não adoravam aquela cobra de bronze, mas os gestos os aproximavam do Deus que cura.

Eu também não adoro aquelas imagens.

Sim eu tenho imagens.

E sei que não sou idólatra.

Mas sei o que dizer ao irmão que insistir em me acusar de idólatra porque tenho imagens. Direi a ele que calúnia é pecado.

Julgar, condenar e caluniar um irmão leva para o inferno. Está lá na Bíblia que ele usou contra mim. Pena que não leu tudo. Porque se tivesse lido direito descobriria que é permitido e até aconselhado ter imagens, desde que a gente não as adore!
PE. ZEZINHO SCJ.



http://www.padrezezinhoscj.com/wallwp/artigos_padre_zezinho/mariologia/sobre-as-imagens-de-maria

POR QUE PEDIR A INTERCESSÃO DE MARIA?


Aproveitando este mês de outubro durante o qual celebramos o dia da Padroeira do Brasil, gostaria de refletir um pouco com vocês sobre o papel intercessor de Maria. Isso porque várias pessoas já me perguntaram o seguinte: “Padre, se o único intercessor junto a Deus é Jesus, porque temos que pedir a intercessão de Maria ou de algum santo?”

Para responder a isso temos que ter claro o seguinte: a Igreja diz que podemos pedir a intercessão de Maria e não que temos que pedir. Eu posso perfeitamente, como católico, rezar diretamente a Deus sem precisar da intercessão de Maria ou de algum santo. Então porque pedir a intercessão? Vamos entender o seguinte: muitas pessoas vêm até nós padres pedir orações. E quando me pedem, eu rezo. Por acaso isso não é uma oração de intercessão? Quantas vezes os filhos pedem a benção dos pais. Isso não é intercessão? Quando encontramos um amigo e pedimos: “reze por mim porque estou precisando de uma graça”; isso não é intercessão? Diz uma canção do Pe. Zezinho: “Se podemos rezar pelos outros, a mãe de Jesus pode mais”. Ou será que nós temos mais poder do que Maria? Ela que está junto a Jesus lá no céu, não pode pedir a Jesus que realize aquilo que estamos pedindo a ela? Se eu quero pedir diretamente a Jesus, ótimo. Mas se quero pedir que Maria peça por mim, porque não posso? Se aceito a oração de amigos, de padres, de pastores, de pais, porque não aceitaria a oração de Maria uma vez que ela está lá no céu mais perto de Deus?

Esta forma de viver a nossa fé não agride de forma alguma o poder de Deus, até porque nem Maria nem nenhum santo tem o poder de fazer milagres; eles simplesmente têm o poder de pedir para que Deus realize um milagre por quem pede sua ajuda e sua intercessão.

Esta é a forma correta e sadia de viver a fé e a devoção a Maria. Se por acaso existe algum católico que coloca Maria acima de Jesus ele está errado e deve corrigir sua devoção.



PE. GILBERTO BOÇON SDP

artigo publicado no jornal "Voz dos Paduanos" (Outubro 2013)

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

JESUS NASCEU NO DIA 25 DE DEZEMBRO?


Acabamos de celebrar o dia 25 de dezembro, dia em que comemoramos o nascimento de Cristo. Mas afinal, foi neste dia realmente que Jesus nasceu? Onde está escrito? Na Bíblia encontramos alguma referencia ao dia e mês do seu nascimento?



Em primeiro lugar, temos que considerar que a Bíblia não nos fala nada a respeito da data do nascimento de Jesus: nem dia, nem mês e nem ano. Outra coisa que se deve levar em conta é que naquela época não se tinha o costume de registrar os nascimentos. Portanto não existe nenhum documento que fale qual a data do nascimento de Cristo.

Por que então se celebra neste dia? A história é um pouco longa, mas vou tentar resumir. No início do Cristianismo, logo após a morte e ressurreição de Jesus, os primeiros cristãos não se importavam tanto em saber qual a data do seu nascimento; o mais importante para eles era a celebração da Páscoa, porque era o dia da Ressurreição de Jesus. Evento tão importante que era recordado semanalmente todo Domingo, como o Dia do Senhor. Somente com o passar dos anos é que sentiu-se a necessidade de procurar saber quando Jesus tinha nascido. Como não se tinha nenhuma referência, procurou-se estabelecer uma data provável, mas não havia consenso, ou seja, alguns celebravam em uma data, outros em outra...

Com o passar dos tempos, lá pelo século IV, o cristianismo foi crescendo e se tornando a religião oficial do Império Romano que até então praticava a religião pagã de culto aos ídolos. Existia dentro deste religião romana um dia dedicado ao “Nascimento do Sol”, uma festa chamada “Dies Natalis Solis Invicti” (dia do nascimento do sol invencível) que se comemorava no dia 25 de dezembro. Como a religião pagã estava sendo substituída pelo cristianismo, os cristãos pensaram então: por que não substituir esta festa dando a ela um sentido cristão? E passaram a partir deste momento a celebrar o nascimento de Cristo neste dia.

Diante disso poderíamos nos perguntar: esta é, então, uma data falsa? De fato, ela não corresponde realmente ao nascimento de Cristo. Mas se Cristo nasceu no dia 25 de dezembro ou em outro dia, o que isso vai mudar em nossa fé? O que realmente importa e é fundamental para a nossa fé é a grande verdade da Sua encarnação que é um dos dogmas principais da nossa fé e um fato relatado pelos Evangelhos e inegável do ponto de vista histórico!




PE. GILBERTO BOÇON SDP
artigo publicado no jornal "Voz dos Paduanos" (Janeiro 2013)

EXPERIÊNCIAS QUE NOS FAZEM CRESCER...



Acabamos de viver a Páscoa de Jesus: seu sofrimento, morte e ressurreição. Este momento da nossa fé nos leva a refletir sobre a vida. Vida que inclui felicidade, mas também dor e morte. Realidades que são difíceis de serem assimiladas e aceitas. Por isso, geralmente quando passamos por essas experiências chegamos até a questionar a Deus: “por que sofremos? Por que Ele tira alguém da nossa vida?” Devemos buscar respostas a estas perguntas não na razão humana, mas na razão de Deus.

Outro dia me surpreendi positivamente ao estudar uma pessoa dizer que acha a morte um momento bonito da vida. Certamente não porque goste da morte ou do sofrimento seu ou alheio, mas por compreender que a morte é nosso momento pessoal de encontro com Deus, além de ser o momento no qual encerramos a missão que Deus nos deixou ao nos criar: amar e ser amados. De fato, comentei que nós fomos criados por Deus e para Deus. E é exatamente aqui que está o sentido da morte: somos cidadãos do céu e não da terra. São Paulo dizia, falando da morte, que estamos aqui nesta terra acampados, esperando a morada definitiva.

A dor, as doenças e a morte são partes da vida humana. Por isso não é correto pensar que Deus as envia. As doenças, as dores, a morte fazem parte de um mundo finito e limitado, que não é perfeito. Devemos então aceita-las? Logicamente que não. Devemos buscar a cura e a felicidade! Mas e se a dor e a doença forem inevitáveis? Em minha ainda breve experiência como padre, já vi muitas pessoas se converterem e se tornarem pessoas melhores e pessoas de fé, porque passaram, a partir de experiências negativas, a ver a vida com outros olhos, valorizando cada momento como um momento sagrado, concedido por Deus a nós.

Que cada momento da vida, positivo ou negativo, seja visto por nós como um momento concedido por Deus para nosso crescimento; que Cristo ressuscitado seja sempre a certeza de que a cada dia caminhamos para a vida plena que Deus planejou para nós, vida que não se limita aos momentos que passamos sobre a terra, mas que se completa na vida plena que está reservada para nós junto de Deus.



PE. GILBERTO BOÇON SDP
artigo publicado no jornal "Voz dos Paduanos" (Abril 2013)

NOSSA DEVOÇÃO À MÃE DE JESUS


Estamos iniciando mais um mês de maio, mês no qual homenageamos nossas mães e a mãe de todas as mães, Maria, que é também Mãe de Deus, Mãe da Igreja, Mãe de todos nós.

Durante todo este mês haverá em nossas celebrações a “Coroação de Nossa Senhora”; este gesto realizado por crianças de nossa Paróquia representa o reconhecimento de que Maria é, além de nossa Mãe, nossa Rainha, porque é a Mãe de Cristo, que é nosso Rei.

Mãe, Rainha, Nossa Senhora, de Lourdes, de Fátima, Aparecida, Imaculada... Todos os títulos que damos a esta mesma e única Mulher fundamental na História da Salvação, pois foi Ela a pessoa escolhida por Deus para dar à Luz o Salvador.

Mas tendo em vista a tamanha consideração e fé que todos nós católicos temos por esta Mulher nos perguntamos: qual é seu papel na Igreja? Em primeiro lugar orientar-nos para Cristo. Podemos olhar todas as passagens as Sagrada Escritura: em nenhum momento Maria chama a atenção para si; desde o início da Igreja, Ela foi considerada a “primeira cristã”, a “primeira discípula”, pois aceitou Cristo antes de qualquer outra pessoa ao assumir ser sua Mãe; nos momentos mais críticos e injustos da história da humanidade, Maria “apareceu” e deixou mensagens que sempre orientaram as pessoas à oração e a conversão à Cristo e ao Evangelho.

Em segundo lugar, o papel de Maria é rogar por nós. Rogar significa “pedir com insistência e humildade”. E é isso que ela faz por nós junto de Deus quando pedimos algo a Ela. Há uma canção do Pe. Zezinho que diz: “se podemos orar pelos outros, a Mãe de Jesus pode mais...”. E esta fé no poder de Maria de interceder por nós junto a Jesus não é sem justificativa; quantas graças recebemos de Deus a pedido Dela! Basta ir ao santuário de Aparecida para comprovar isso!

Que Maria continue sempre orando e intercedendo por nós junto a Deus, sobretudo por seus filhos que estão afastados do caminho proposto por seu Filho Jesus! E que nosso carinho e devoção por Ela aumentem a cada dia nossa fé em Cristo e nosso compromisso com Sua Igreja!



PE. GILBERTO BOÇON SDP
artigo publicado no jornal "Voz dos Paduanos" (Maio 2013)

ADORAÇÃO, DEVOÇÃO, FÉ, SIMPATIA, MACUMBA...



Caros amigos leitores, chegamos ao mês de junho, mês em que celebramos o dia de Santo Antônio de Pádua, padroeiro de nossa Paróquia. É por este motivo que gostaria de refletir um pouco com vocês a respeito da devoção e fé que nós católicos temos em relação não só a Santo Antônio, como a todos os santos canonizados pela Igreja.

Pensei em refletir sobre isso porque é de se admirar que católicos ainda hoje tenham uma ideia errada do que seja devoção. Certa vez ouvi uma pessoa muito católica que, depois de ter ouvido os argumentos dos evangélicos em relação à devoção aos santos disse: “Padre, gosto muito da minha Igreja. Nasci nela e vou morrer nela. Mas a única coisa que ela tem de errado e que precisa mudar é a adoração de imagens”. Parece desgastante falar sobre o assunto porque me parece uma coisa muito óbvia e simples. De fato, a Sagrada Escritura condena quem adora imagens. Mas também nós católicos condenamos quem adora imagens! O Antigo Testamento condena com muita verdade pessoas ou povos que “construíam” seus deuses; basta lembrar a construção da imagem do bezerro de ouro. Para o povo que o fez, aquele bezerro era seu deus e o povo o adorava. Isso é um grave desvio de fé: acreditar que aquela imagem é deus. Nós católicos não estamos errados em relação a isso e nem estamos deixando de observar este mandamento da Bíblia. Por que? Porque temos as imagens em nossas igrejas ou casas simplesmente como um símbolo, como uma representação, ou poderíamos dizer, como uma “foto” que “representa” o santo. E este santo para nós não toma nunca o lugar de Deus, mas é um “amigo” que está junto de Deus e que pede a Deus por nós. Por isso falamos em nossa “Profissão de fé”, rezada em todas as missas dominical, que acreditamos na “comunhão dos santos”. O que isso significa? Significa que nós que estamos aqui na terra podemos rezar por quem está no céu ou no purgatório (por isso apresentamos nossas intenções pelos falecidos na missa), e quem está no céu, mais perto de Deus, pode nos dar uma “ajudinha” diante de Deus.

O Santo não faz milagre algum; o que ele faz é pedir a Deus que faça um milagre para nós que estamos pedindo. Em outras palavras dizemos: “Santo Antônio, você que está ai no céu mais perto de Deus, peça a Ele esta graça que estou precisando!” Santo Antônio pede; Deus concede ou não a graça, dependendo se aquilo que pedimos realmente vai ser bom para nós e para nossa salvação! Disso decorre outro desvio da nossa devoção aos santos e que é muito comum em relação à figura de Santo Antônio, tido como o “santo casamenteiro”. Refiro-me à atitude de moças que, em busca de casamento, colocam a imagem do santo de cabeça para baixo num copo de água ou cachaça, dentro da geladeira, tiram a imagem do menino Jesus dos seus braços... Quando me perguntam se isso realmente funciona eu respondo: “sim, pode ser que funcione. Mas e se Santo Antônio ficar estressado com a sacanagem que você está fazendo com ele e resolver t mandar um marido ruim?!”

Algo similar acontece quando acreditamos no poder de uma macumba. Será que uma galinha morta, uma garrafa de cachaça, uma vela e um sabonete junto tem poder de influenciar negativamente nossa vida ou tem mais poder do que Deus para nos proteger do mal? Nossa devoção não é mágica. Objetos não tem mais poder do que Deus. Não podemos comprar graças; não podemos forçar ou obrigar Deus a atender tudo o que pedimos através de simpatias ou uso de amuletos. A fé é entrega e confiança; simpatia como uma atitude mágica de conseguir algo ou negociar com Deus ou com um santo não é uma atitude saudável de fé, mas um desvio que deve ser corrigido.



PE. GILBERTO BOÇON SDP
artigo publicado no jornal "Voz dos Paduanos" (Junho 2013)

CATÓLICOS E TESTEMUNHAS DE JEOVÁ


Caros amigos leitores, em uma outra edição do nosso jornal Voz dos Paduanos refleti um pouco com vocês sobre algumas diferenças existentes entre catolicismo e espiritismo. Outro dia uma pessoa me mandou um e-mail  perguntando a respeito da diferença entre a Igreja Católica e as Testemunhas de Jeová.

Certamente alguma vez você já deve ter recebido a visita de algum deles em sua casa. O que poderíamos dizer? Como nos comportar?

Em primeiro lugar apresento meu respeito a eles, porque tem a ousadia de sair de casa em casa para falar de Deus, embora de forma diferente e contraditória àquilo que a doutrina católica nos ensina a respeito de Deus.

Um primeiro grande problema que existe entre ambas as doutrinas se dá em relação à pessoa de Jesus. Segundo eles, Cristo é “filho de Deus” mas não é Deus. Isso contradiz gravemente nossa fé em Cristo como Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Para nós Cristo é verdadeiramente Filho de Deus e é Deus também.

Uma segunda grave contradição se dá em relação ao Espírito Santo. Para eles o Espírito Santo também não é Deus, mas uma “força ativa de Deus”. Isso vai contra nossa fé na Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Para nós o Espírito Santo é Deus igual ao Pai e ao Filho.

Estes dois fatos, eliminam a fé na Santíssima Trindade que é um dos pontos centrais da fé católica.

Outro ponto contraditório se dá em relação ao fim do mundo. Eles acreditam que o fim do mundo está muito próximo. Inclusive eles preveem datas para o fim. Mas se bem me recordo, o próprio Cristo afirma que nem Ele, nem os anjos sabem qual o dia e a hora, mas somente o Pai. Como então algum ser humano teria a capacidade de prever uma data se nem mesmo Cristo sabe?

Outro argumente muito comum deles é em relação aos 144.000 que irão se salvar. Eles interpretam ao pé da letra um simbolismo bíblico que quer representar uma grande multidão: 12x12x1000 (12 Tribos de Israel que representam a Antiga Aliança, 12 Apóstolos que representam a Nova Aliança, 1000 que na Bíblia é um número simbólico para representar uma grande multidão de pessoas que não se pode contar). Mas este é um argumento muito fácil de ser derrubado: poderíamos perguntar a eles quantos Testemunhas de Jeová existem no mundo hoje. Certamente responderão que existem mais de 144 mil. Disso podemos concluir que nem todos os Testemunhas de Jeová se salvarão. Por que então tenho que me converter a eles para encontrar a salvação?

Às vezes com argumentos muito simples como este podemos compreender a falsidade de algo que está sendo dito a nós. Geralmente quando alguém de outra religião bate à nossa porta escutamos e não falamos nada. Dificilmente defendemos nossa fé. Não temos que tratar mal ninguém. Mas devemos demonstrar a nossa fé. Se eles tem coragem de vir até nós e tentar nos “converter”, também temos que ter a coragem de dizer para eles o quanto estamos convictos da nossa fé. Mesmo que não saibamos responder a eles sobre algum texto da bíblia devemos procurar tirar as dúvidas que temos. Ou será que só porque alguém bateu à nossa porta e nos falou uma coisa diferente, toda a nossa fé está errada, tudo aquilo que a igreja tem ensinado nesses dois mil anos está errado?!

Mostremos a eles também que acreditamos, que somos católicos e não temos necessidade de conversão. Se não sabemos interpretar determinados textos da Bíblia, não tenhamos a vergonha de dizer: eu não sei explicar isso agora, mas vou perguntar e procurar entender...
PE. GILBERTO BOÇON SDP
artigo publicado no jornal "Voz dos Paduanos" (Setembro 2013)

VEJO MISSA PELA TV... CONFESSO DIRETAMENTE COM DEUS...



Certamente muitos de vocês, assim como eu, já ouviram alguém afirmar que se considera católico, mas não sente a necessidade de ir à igreja para rezar e que não precisa do sacramento da Confissão porque pede perdão dos pecados diretamente a Deus.

Logicamente não podemos negar que a fé é algo de muito pessoal. O próprio Cristo ressaltou este aspecto da fé e da oração dizendo que quando formos fazer nossa oração, devemos entrar em nosso quarto, fechar a porta e rezar ao Pai que está nos céus.

Rezar pessoalmente é muito importante; rezar em casa é muito importante. Mas o que não pode acontecer é acharmos que podemos viver a fé sozinhos sem precisar dos outros, pois a fé tem também o aspecto comunitário e eclesial. Jesus ressaltou este aspecto ao afirmar que onde dois ou três estivessem reunidos em Seu nome, Ele estaria no meio deles.

Hoje, graças aos meios de comunicação, podemos ter acesso à missa em nossa casa através da tv. Mas será que ela substitui a participação na missa na igreja? Certamente que não. Seria a mesma coisa que participar de uma festa ou um jantar pela tv. Muito melhor é estar nesta festa e participar do jantar degustando a refeição e se alegrando com os outros participantes.

Logicamente a missa pela tv tem o seu valor; porém, pela tv podemos somente assistir à missa, mas não podemos estar  nem participar e, sobretudo, não podemos comungar. Certamente a missa pela tv faz muito bem aos nossos doentes que estão impossibilitados de ir à igreja. Mas também estes precisam receber a Eucaristia em suas casas pela presença tão importante dos nossos Ministros da Eucaristia. Assim a presença de Cristo em nossa vida se torna real e não virtual.

Também a confissão entra neste aspecto. Quando peço perdão a alguém, como é que posso ter a certeza de que a pessoa me perdoou? Somente se eu expressar meu arrependimento e ela expressar seu perdão!

Não que não devamos ao final do nosso dia fazer uma oração pessoal a Deus e pedir o seu perdão por algum eventual pecado que tenhamos cometido durante nosso dia. Isso é uma coisa muito importante e faz parte do aspecto pessoal da fé. Mas como é que posso ter a certeza de que Deus realmente me perdoou? Como posso saber se aquela atitude que cometi é de fato um pecado ou não? Falo isso porque já vi muitas pessoas sofrerem e conservarem um peso na consciência por muito tempo por uma atitude que nem sempre era um pecado! E já vi muitas pessoas permanecerem numa vida de pecado por terem a consciência tranquila achando que um determinado pecado não era pecado!

Aqui está a importância do sacramento da Confissão: seu aspecto pessoal, eclesial e comunitário (todo pecado pessoal afeta não só a pessoa mas também a sociedade e a Igreja), pois o próprio Cristo falou e ensinou: “aqueles a quem perdoardes os pecados, eles serão perdoados”...


PE. GILBERTO BOÇON SDP
artigo publicado no jornal "Voz dos paduanos" (Agosto 2013)

É POSSIVEL SER CATÓLICO E ESPÍRITA AO MESMO TEMPO?

 Há um tempo vi uma pesquisa que dizia que em torno de 70% dos católicos acreditam em doutrinas espíritas e/ou participam de centros espíritas. Se este dado realmente corresponde ou não eu não saberia dizer. Só sei que é muito comum ver pessoas dizerem que não é necessário deixar de ser católico para ser espírita e que ambas as doutrinas podem ser praticadas ao mesmo tempo. Outro fato muito comum é a constatação de que muitas pessoas frequentam o espiritismo apenas por motivos sentimentais, pois desejam uma consolação através de uma suposta comunicação com os mortos, através de receitas quase que mágicas para curar doenças ou conselhos para sair de um problema. Talvez seja por isso que as pessoas acabam não percebendo várias contradições que existem entre a fé católica e o espiritismo, além de existir uma falta de conhecimento a respeito das duas doutrinas.

A primeira grande divergência que existe entre catolicismo e espiritismo acontece pela compreensão diferente que ambas tem a respeito da salvação. Nós católicos cremos que Cristo veio a este mundo e morreu para nos redimir do pecado e nos restituir a graça de Deus conforme nos ensina a carta de São Paulo aos Efésios: “É pelo sangue de Jesus Cristo que temos a redenção, a remissão dos pecados, segundo a riqueza de sua graça que Ele derramou profusamente sobre nós” (Ef 1,7). A doutrina espírita não acredita nisso. Segundo ela, cada pessoa humana vai reencarnando até quando não pagar todos os seus pecados. A partir disso poderíamos concluir que a morte de Cristo na cruz foi inútil. Esta forma de pensar contradiz radicalmente o que acreditamos a respeito da misericórdia e do perdão de Deus. Para nós católicos Deus pode perdoar todos os nossos pecados quando estamos realmente arrependidos, pedimos perdão e fazemos penitência. Para o espiritismo não existe esta possibilidade, pois cada um deve pagar todos os pecados, uma vez que toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga; se não for paga nesta vida, deverá ser paga nas vidas seguintes.

Outra divergência fundamental se dá quanto à pessoa de Jesus: nós católicos cremos que Jesus é verdadeiramente o Filho Unigênito de Deus, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade; enquanto que a doutrina espírita nega esta verdade fundamental da fé cristã, afirmando que Cristo foi apenas um grande “médium” e nada mais.

Concluo aqui apresentando estas duas divergências (lembrando que existem várias outras) e expressando meu respeito por todas as religiões que buscam a Deus, embora de formas diferentes. O que quero dizer aqui é que devemos fazer uma opção; não podemos viver duas doutrinas diferentes ao mesmo tempo. Portanto, procuremos conhecer melhor a fé que temos para compreender a grande riqueza que existe em nossa fé católica!


PE. GILBERTO BOÇON SDP
artigo publicado no jornal "Voz dos Paduanos" (Julho 2013)