Outro dia me surpreendi positivamente ao estudar uma pessoa
dizer que acha a morte um momento bonito da vida. Certamente não porque goste
da morte ou do sofrimento seu ou alheio, mas por compreender que a morte é
nosso momento pessoal de encontro com Deus, além de ser o momento no qual
encerramos a missão que Deus nos deixou ao nos criar: amar e ser amados. De
fato, comentei que nós fomos criados por Deus e para Deus. E é exatamente aqui
que está o sentido da morte: somos cidadãos do céu e não da terra. São Paulo
dizia, falando da morte, que estamos aqui nesta terra acampados, esperando a
morada definitiva.
A dor, as doenças e a morte são partes da vida humana. Por
isso não é correto pensar que Deus as envia. As doenças, as dores, a morte
fazem parte de um mundo finito e limitado, que não é perfeito. Devemos então
aceita-las? Logicamente que não. Devemos buscar a cura e a felicidade! Mas e se
a dor e a doença forem inevitáveis? Em minha ainda breve experiência como
padre, já vi muitas pessoas se converterem e se tornarem pessoas melhores e
pessoas de fé, porque passaram, a partir de experiências negativas, a ver a
vida com outros olhos, valorizando cada momento como um momento sagrado,
concedido por Deus a nós.
Que cada momento da vida, positivo ou negativo, seja visto
por nós como um momento concedido por Deus para nosso crescimento; que Cristo
ressuscitado seja sempre a certeza de que a cada dia caminhamos para a vida
plena que Deus planejou para nós, vida que não se limita aos momentos que passamos
sobre a terra, mas que se completa na vida plena que está reservada para nós
junto de Deus.
PE. GILBERTO BOÇON SDP
artigo publicado no jornal "Voz dos Paduanos" (Abril 2013)