Caros amigos leitores e leitoras, gostaria de refletir um
pouco sobre um texto interessante e profundo que encontramos no Evangelho de
Lucas (18, 18-30). Neste texto o evangelista relata as seguintes palavras de
Jesus: É mais fácil um camelo passar pelo
buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus.
Temos aqui duas coisas interessantes para refletir: 1) a
comparação usada por Jesus (um camelo passar pelo buraco de uma agulha); 2) a
dificuldade para um rico entrar no reino de Deus.
No primeiro caso, há os que interpretam o texto afirmando
que na língua hebraica a palavra “agulha” poderia designar uma pequena porta de
entrada do aprisco das ovelhas (por onde seria difícil um camelo passar); há
outros que afirmam que, a palavra “camelo” na língua hebraica poderia designar
uma corda grossa usada pelos marinheiros (que dificilmente passaria pelo buraco
de uma agulha de costura).
Mas na realidade quando Cristo diz que é mais fácil um
camelo passar pelo buraco de uma agulha, ele está usando uma figura de
linguagem chamada Hipérbole,
semelhante a muitas que usamos em nossos dias: "Eu chorei rios de lágrimas”, "você me faz morrer de rir”, "eu quero
ter um milhão de amigos!". Um exagero da parte de
Cristo que não indica impossibilidade.
Sendo assim, para entender o que Cristo afirma sobre a
dificuldade de um rico entrar no Reino de Deus, devemos compreender bem o que Ele
quer dizer com a palavra “rico”. Se for quantidade de dinheiro acumulada,
Cristo se torna injusto, pois Ele não pode impedir um rico caridoso, desapegado
e fiel aos seus ensinamentos de entrar no Reino de Deus. Na verdade o que
Cristo quer destacar aqui é o apego exagerado aos bens materiais. Bens que são
necessários para nosso conforto e bem-estar, mas que não devem ocupar o centro
da nossa vida nos tornando escravos.
Nem Cristo nem o cristianismo condenam a riqueza em si,
mas a injustiça social que vem pelo acúmulo exagerado de alguns e a miséria de
outros; nem Cristo nem o cristianismo afirmam que, pelo fato de ser pobre, a
pessoa já está com o céu garantido. É preciso, em ambos os casos, viver a fé e
os seus ensinamentos.
Desejo que possamos, nesta Quaresma, praticar a virtude
de caridade!
É isso!
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